quarta-feira, 30 de abril de 2008

Solidariedade, passe este gesto adiante!!

18 de abril de 2008

Esta sexta tivemos uma experiência diferente. Desta vez, além de um menino lindo de 4 anos, tivemos um jovem de 16 que tinha perdido a visão devido à Leucemia.

O Joaquim já o conhecia, mas para nós era a primeira vez que iríamos contactar com ele.
A história dele não era fácil. Tinha andado muito tempo em hospitais a tentar descobrir o que tinha, só quado perdeu a visão suspeitaram de Leucemia. Por isso não foi uma criança que nasceu sem a capacidade de ver, ele sabe o que isso é...mas perdeu-a!

A principio pensei, que iria ser difícil comunicar com o "Nelson" devido a ser invisual... passou-me pela cabeça que seria um jovem magoado e triste. Mas não podia estar mais enganada! Deve ser das pessoas mais comunicativas e mais bem dispostas que conheci...
Entrou logo no cantinho a gozar com o Joaquim, por o Benfica "dele" ter perdido! O "Tiago" de 4 anos já lá estava a brincar connosco há algum tempo. Tinha feito o transplante de medula há um mês e tinha perdido o cabelo, sobrancelhas, pestanas...

Com a máscara na cara, entrou veio um pouco a medo, e um pouco envergonhado, mas depois de um ou dois puzzles já queria brincar com tudo. Mal acabava um jogo queria que o pegasse ao colo para espreitar o que havia mais no armário que pudesse brincar...isto repetiu-se várias vezes!
Foi uma animação aquela manhã.

O Nelson levou o seu leitor de dvd portátil, o qual manobrava de uma maneira espantosa, muito melhor do que qualquer um de nós que se prende apenas a um sentido (à visão). Todo contente mostrava-nos as ultimas musicas que tinham saído para o mercado: "e já ouviste esta?".."espera vais ouvir esta, esta é que é altamente!".... Foi uma delicia ver como ele vibrava com cada musica, e como facilmente encontrava o que queria e que com um sorrisos enorme nos mostrava e ficava à espera da nossa reacção.
Como ele próprio diz "eu sou cego mas vejo mais que vocês todos juntos!".... e é verdade!
Uma alegria de viver, uma força da natureza mesmo este Nelson... contagiante, inspirador!!


Se pensar-mos que poderá ter em comum uma menino de 4 anos e uma jovem de 16 invisual... pois eu também não sabia... mas acreditem que eles encontraram.
O Nelson com o seu leitor de dvd mostrava as musicas ao Tiago, ajudava-o a construir estruturas, brincava com ele...foi das melhores manhas que já passei no nosso cantinho!

Mais uma lição de vida, vinda das pessoas que arranjam forças, esperança e alegria de viver nas suas tristezas e limitações. Um bem haja a estes dois anjos!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sexta 11 de abril no IPO!

Nesta manha só viria a Vanessa, mas mais uma vez estávamos à espera que ela não quisesse juntar-se a nos!
Estávamos nós, o Joaquim, o Francisco e a Filipa e eu, a organizar o cantinho, a arrumar uma caixa cheia de missangas e peças para fazer colares e pulseiras, quando ela chegou.
Passou e ficámos na duvida se viria bem disposta ou se se iria encostar a um cantinho envergonhada.
Mal passou aproveitei logo a deixa da caixa estar de fora e perguntei "queres vir fazer colares para a nossa beira?"....foi a melhor coisa que podia ter feito, porque disse logo "pode ser!" e veio sentar-se na mesinha do CANTINHO.
Foi um animação essa manha, ela estava muito bem disposta, cheia de genica e alegria. Queria fazer colares, brincos, pulseiras...para ela para a mãe, para nós, para toda a gente.
Foi incrível ver os olhinhos dela a saltitarem de um lado para o outro...brilhavam mais que duas estrelas, e mesmo com a mascarazita em frente da boca e nariz, essa mascara era ofuscada e eu conseguia ver o sorriso que ela rasgava por baixo dela!

Até a mãe se veio sentar à nossa beira...foi muito bom!

Foi mais uma manha muito bonita, com muita alegria e trabalho de uma equipa divertida e empenhada.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

5 de Abril, ronda do FCP tri-campeão!


Mais uma noite fria nas ruas do Porto, mas esta era especial, e ao sê-lo, aquecia o coração de muitos.
Sabíamos que ia ser uma ronda diferente e especial, porque neste sábado, o Futebol Clube do Porto, quase de certeza se iria sagrar tri campeão nacional. Isto envolvia não só a dificuldade relativa ao centro de dia da Legião da Boa Vontade se localizar perto das antas, como também à dificuldade que teríamos em passar a carrinha pelo meio do Porto num dia em que era o "salve-se quem puder" a estacionar os carros!

Bem, encontràmo-nos no centro de dia, cada um a estacionar os carros onde conseguia, e começamos a fazer os kits de comida, com as frutas pão e bolos. Depois dos kits preparados, carregamos as panelas enormes de sopa, os kits, a água, os cobertores, roupa, calçado, sabonetes, preservativos e o que mais havia para levar.

Uma equipa de oito elementos, que trabalhando em linha de montagem, pareciam formiguinhas, em quarenta minutos tínhamos tudo preparado.
Estando tudo pronto e carregado, pusemos os nossos coletes amarelos de voluntários e em circulo e de mãos dadas rezamos o Pai Nosso para que tivéssemos uma boa ronda.

Começamos por volta das 10 e foi um trinta e um para conseguir-mos passar em certas ruas. Pelo centro do Porto era quem mais apitava e gritava pelo campeão. Era um, depois dois e até que se chegou aos seis golos....
Até algumas das pessoas que habitualmente se juntava nos locais em que costumamos parar, tinham ido para o meio da confusão, festejar, trabalhar ou pedir.

Mais uma vez cada um tinha a sua tarefa. O Joaquim voltou a ser o motorista e guia, a Silvia a secretária e a que entregava o material de higiene, como champôs, gel de banho, lâminas de barbear, pentes e escovas de dentes. A Ana, a dona Maria do Céu e a Marisa ia distribuindo a sopa, a água e os kits. Eu mais uma vez fiquei na roupa desta vez com a minha mãe que depois de me ouvir contar todas aquelas histórias,que infelizmente são a realidade, ficou com vontade de conhecer e ajudar.

À medida que a noite passava ia-mos deixando a sopa e os kits aos sem abrigo e à população mais carenciada. Ao início da noite pelo calor que se tinha feito sentir durante a semana, e pelos ânimos quentes, só pediam t-shirts e camisas frescas. À medida que a noite ia passando o frio começou apertar e começaram a pedir as camisolas mais quentes e grossas, casacos e blusões.
Na rua existem muito mais homens que mulheres e por isso as sacas enormes de roupa de homem, que vinham carregadas até ao cimo, vinham vazias, enquanto que as de mulher que vinham igualmente cheias traziam ainda muita coisa.
Para o fim da noite começa a dar uma dor de alma, porque pessoas cheias de frio nos pedem meias e roupa quente, e apesar de racionar-mos e tentar-mos equilibrar bem o que damos, no fim já quase nada há para distribuir.

Demos todos os kits de comida e esvaziamos as panelas da sopa, só parámos quando a carrinha estava vazia de comida!

Por qualquer rua se via pelo menos um sem abrigo a dormir sem condições de higiene, com apenas a roupa do corpo, um cobertor e um cartão ou um jornal.
Ao inicio da noite ainda estão acordados a tentar adormecer com o barulho da cidade, que no sábado estava especialmente ruidosa. Mas para o fim da noite já temos que os acordar para lhes oferecer alguma coisa que os alimente e os aquece no meio de tanta solidão e esquecimento.
Alguns passam a semana à espera da nossa visita, como por exemplo o sr Manel (nome fictício), o primeiro que visitámos e que se costuma abrigar-se por baixo do viaduto da Areosa. Ria-se, fazia cara de mau a meter-se com o Joaquim, comia a sopa com gosto e sofreguidão de quem não come um prato quente há dias, e brincava ao escolher a roupa. Tentava ganhar tempo e aproveitar a nossa companhia, o que se percebia nas suas palavras "já vão?, mas estão com pressa?"...Partiu-me o coração logo ao início da noite, mas engoli em seco, enxuguei a lágrima do canto do olho e seguimos viagem.

A nossa "tia" desta vez estava feliz da vida, é ferranha pelo FCP, e só mostrava a t-shirt do clube. Depois de comer veio pedir-nos a roupa e eu disse que desta vez ía tentar arranjar um soutiã bom para ela, ao que ela me responde "ó amor eu tenho mamas, queres ver, não serve um qualquer!".
Eu já espera disto respondi "não, já me mostrou da outra vez, eu sei, mas mesmo assim vou procurar!". E procurei mas realmente a senhora era avantajada e não havia no saco da roupa interior nada que lhe servisse. Então consegui deixá-la toda sorridente porque ao fim de ver vários casacos e várias camisolas das quais não gostava, arranjei um casaco que adorou. Mandou-me logo beijinhos e sorriu com o seu único dente, agarrou-me na mão e ao ver a aliança "minha linda já és casada?...que rica!". Foi um momento que não vou esquecer!

Uma cena que também em chocou foi um dos homens que apareceu junto à carrinha na Sé, vinha ainda com a agulha pendurada no braço de se drogar. Ao ver a carrinha chegar nem se lembrou de a tirar e apressou-se a vir comer e buscar alguma roupa. Foi um pouco chocante, mas a vida na rua é mesmo assim.

A rapariga que na última ronda estava grávida, contou-nos que tinha abortado espontaneamente na segunda anterior, o que apesar de ser triste por um lado, por outro lado deve ter sido por mão de Deus, para que esta criança não nascesse na rua. Um dos elementos reconheceu uma das raparigas e conversou em pouco com elas. Eram duas amigas em que uma delas tinha engravidado e estava com o namorado também, os três na rua. Eram de boas famílias, famílias com dinheiro e não estavam na rua por necessidade, mas sim por opção. Ninguem percebeu aquela guerra entre pais e filhos, e aqueles de nós que eram pais sentiram um aperto no peito, ao pensar que depois de criar um filho com tanto esforço e carinho podiam perde-lo para a rua... deve ser uma dor enorme!

Por volta das 4 acabámos, pois não tínhamos mais comida e voltámos para o centro de dia para arrumar tudo. Se mais comida houvesse, mais horas andávamos na rua.
Por volta das 4:30 saí com a minha mãe para fazer a viagem de volta para casa, que ainda iria demorar uma meia hora!
Para ela foi a primeira vez e ela vinha ainda com as emoções quentes, com todos aqueles sentimentos novos que a assolavam. Revia cada momento e cada história, contava peripécias e já falava da próxima vez. Assim como eu adorou aquilo.

Foi mais uma noite cheia de sentimentos à flor da pele e de emoções contidas. Mas no fim o que interessa é a sensação que se fica de que se ajudou, de que se deu algo, de que se foi importante para alguém que não tem nada e quase nenhumas razões para sorrir. Apesar da miséria e da pobreza que vimos, foi mais uma noite lindíssima a de 5 de Abril!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Obrigada Manuel, Ana, Anabela, Rodrigo, José Manuel e Rita!

Cada vez mais pessoas ajudam e entram nesta onda de solidariedade. É mesmo magia o que se pode fazer... Ajudar não custa nada, basta um pequeno gesto, uma pequena palavra e podemos fazer alguém feliz!

Um beijo de coraçaõ atodos aqueles que ajudam.

Solidariedade, você pode, você faz!

Sexta feira 2 de abril no IPO


Nesta sexta feira não houve meninos para os tratamentos, fosse isso sinal de que não existiam mais meninos doentes...

Então aproveitamos o tempo para discutir ideias e projectos para o nosso cantinaho da acreditar. O Joaquim, a Filipa, o Francisco e a Marta, tdodos nós demos opiniões para fazer mais e melhor. Nesta semana já haverá meninos e aí poderei contar mais peripécias destes nossos anjinhos.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Associação Acreditar (Associação de pais e amigos de crianças de cancro)


"Tratar a criança com cancro e não só o cancro na criança!
Este é nosso lema, que espelha o que pretendemos com a nossa Associação.
Todos os anos surgem mais casos de cancro infantil. As crianças com cancro e os seus pais sofrem durante anos psíquica, física e economicamente. A experiência mostra que a solidariedade é um factor de extrema importância para ajudar a minimizar os problemas causados pelos longos e difíceis períodos de tratamento.
Por outro lado, é cada vez maior a percentagem dos que vencem a doença."

"Vale a pena ter esperança quando se fala em cancro infantil?
A Acreditar é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que pretende ajudar as crianças e as respectivas famílias a superar melhor os diversos problemas que se colocam a partir do momento em que é diagnosticado o cancro, contribuindo para fomentar a esperança.
Há, de facto, razões para fundamentar essa esperança: actualmente, cerca de 70% dos cancros infantis pode ser totalmente curada e cada dia que passa se registam progressos na luta contra a doença.
A Acreditar vive essencialmente dos apoios dos seus associados e amigos, do trabalho de voluntários e de um reduzido corpo de pessoal administrativo que assegura a sua gestão corrente.
O seu trabalho reparte-se por Núcleos Regionais: Norte (Porto), Centro (Coimbra), Sul (Lisboa) e Madeira (Funchal), correspondentes aos centros urbanos onde existem hospitais de oncologia pediátrica.
A Acreditar é membro fundador da ICCCPO (Confederação Internacional das Associações de Pais de Crianças."

Isto é apenas parte do que encontra na primeira página do site da Associação:
http://www.acreditar.org.pt/index.htm

Neste site poderá ainda conhecer os objectivos desta associação, as casas acreditar, os seus projectos, a maneira de você próprio ajudar, notícias, publicações e muitas outras coisas. Visite este site e verá aquilo que é feito por esta associação, e também o que pode fazer para contribuir por esta causa.

Obrigada

Um video lindo...sem palavras!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O nosso cantinho da Acreditar no IPO!
























Mais uma manhã no IPO, com novos colegas voluntários!

No dia 28 de Março éramos cinco, em vez de um ou dois, embora dois de nós depois tivessem que ir reunir.
Hoje a Vanessa* vinha ao tratamento e quando chegou, não nos deu grandes hipóteses. Não queria brincar, nem jogar nem sequer vir para o nosso cantinho no ipo. Estava acompanhada por outro menino, o Manel*, que também ele ainda não foi conquistado pela nossa simpatia e amizade...estavam assim os dois entretidos um com o outro.
No entanto, apesar de não ter ter-mos nenhum menino em tratamento para ocupar as cadeiras da mesinha do cantinho da Acreditar tivemos dois meninos que muito nos ocuparam e entreteram. Sim porque além das crianças em tratamento, por vezes pais e avós levam as crianças consigo e torna-se difícil entretê-los num hospital como este.
Estes dois primos iam a companhar o avô e meu Deus se tinham energia.
Os avós de quando a quando olhavam de soslaio, esboçavam um sorriso rasgado de contentamento e agradecimento e voltavam a olhar para o relógio a ver o tempo a passar.
Passou-se bastante tempo, mesmo, e utilizámos quase tudo que havia nos armários e fora deles: livros, jogos, puzzles, aguarelas, marcadores, lápis de cera e de cor, cartolinas, recortes,missangas para colares... até fizemos a experiência do feijão no algodão por causa do dia da árvore passado.
Foi uma animação aquela manha, os três que lá estávamos não conseguíamos igualar a energia daqueles dois regilas.
No entanto mais para o fim da manha, quando o pequeno Manel se foi embora, a Vanessa lá se foi chegando, espreitando e acabou por se juntar aos dois primitos e então aí a festa foi completa.
Mais uma manhã maravilhosa, que nos deixa com os corações cheios.

*os nomes das crianças são fictícios para proteger a sua privacidade.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Imagens da realidade das ruas!

Pedro Abrunhosa - quem me leva os meus fantasmas.

Sem abrigo no Porto.

Obrigada Conceição e Edite!

Mais duas amigas procuraram "no fundo do baú" e encontraram roupas que para elas já não tinahm utilidade. Desta vez até cobertores vieram. Um muito obrigada de coração.
Tudo o que deram vai ser de muita valia paar quem mais necessita.

Um beijo enorme!